Finalmente consegui terminar as quatro etapas do poema, como me propus. Não sei se ficou bom ou ruim, no final das contas. Mas é minha produção e eu gostei dela de qualquer jeito...
Corre o tempo, na medida inversa dos meus sonhos e desejos
Se foram os filhos, as farras e o trabalho: estou aposentado
A pele flácida, as rugas, mas a beleza da vida ainda cortejo
O fulgor da alma permanece, apenas num corpo meio arqueado.
São viagens e livros e passeios e festinhas... Ah! E os netos!
Novas emoções que experimento da vida nessa nova etapa
E recordações e memórias do passado - uma ou outra me escapa
Tantas histórias, tantos fatos - me alertam alguns por incorretos.
Se vai o meu amor, minha companheira, e tenho a vida por traiçoeira
Supero. Já superei tanto! Ficam minhas muitas sementes por acalanto
A agitação da juventude dantes, se converte numa vida bem caseira
Mas não reclamo - ao contrário, sou grato por ter vivido tanto.
A visão é turva. Os movimentos lentos. A audição, então, mínima.
É tanto "hein?", "quê?", "como?", que eu mesmo rio desse ser desgastado
Passa mais o tempo, que contemplo numa perspectiva mais e mais íntima
Fecho os olhos. É a última viagem. Até o fim, não sei se estou preparado...
(17 de agosto de 2011)