quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O QUE SOU

Um grande amigo (Marcelus Cezar) apresentou-me esse vídeo delicioso. Viajei na sua inspiração mutante e inebriante e escrevi um poema embebido de sua viagem...

Roberto Catani - "La Funambola"

Sou uma gota que cai e
Encontra o chão, estilhaçada.
A areia no ar carregada
Por um vento frio
Que vem do Sul.


Sou um abismo em mim,
Poço sem fundo e sem
Fundamento.
Sou um canto lúgubre e
Triste, um lamento.


Sou a rima torta do poema,
Ao mesmo tempo coesa e
Desconexa,
No ritmo entorpecente
Duma métrica que desindexa.


Sou uma incógnita e
Uma interjeição,
A frase solta nas páginas
De um livro em branco,
Que se desfolha no vendaval.


Sou um ser que não se sabe
Vivo nesse mundo de ilusão.
Que prefere a pergunta à
Resposta fácil,
No axioma, uma interrogação.


Sou a reticência da frase,
A verdade oculta no disfarce.
Sou um andarilho num
Deserto de estrelas
Que surgem, brilham, se apagam.


(15 de dezembro de 2011)