sábado, 20 de agosto de 2011

PENSAMENTOS


A reportagem do "Fantástico" de 17/07/2011 sobre as auroras boreais me deixou emocionado pela beleza e imponência do Universo e reflexivo sobre como somos "nada" frente à ele. Escrevi uma quadra, aproveitando essa inspiração... Publiquei no Facebook e esqueci de colocá-la também aqui...


Meus pensamentos são auroras boreais no céu escuro de minha mente
Que dançam caóticos, num frenesi apaixonado pelo desconhecido
E assim como vêm, tão logo me abondonam no frio de repente
Por saber-me hoje vivo e existente, porém amanhã, de todo esquecido."

(17 de julho de 2011)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

POEMA DA VIDA EM QUATRO ATOS (ATO IV: SENILIDADE )

Finalmente consegui terminar as quatro etapas do poema, como me propus. Não sei se ficou bom ou ruim, no final das contas. Mas é minha produção e eu gostei dela de qualquer jeito...





Corre o tempo, na medida inversa dos meus sonhos e desejos
Se foram os filhos, as farras e o trabalho: estou aposentado
A pele flácida, as rugas, mas a beleza da vida ainda cortejo
O fulgor da alma permanece, apenas num corpo meio arqueado.

São viagens e livros e passeios e festinhas... Ah! E os netos!
Novas emoções que experimento da vida nessa nova etapa
E recordações e memórias do passado - uma ou outra me escapa
Tantas histórias, tantos fatos - me alertam alguns por incorretos.

Se vai o meu amor, minha companheira, e tenho a vida por traiçoeira
Supero. Já superei tanto! Ficam minhas muitas sementes por acalanto
A agitação da juventude dantes, se converte numa vida bem caseira
Mas não reclamo - ao contrário, sou grato por ter vivido tanto.

A visão é turva. Os movimentos lentos. A audição, então, mínima.
É tanto "hein?", "quê?", "como?", que eu mesmo rio desse ser desgastado
Passa mais o tempo, que contemplo numa perspectiva mais e mais íntima
Fecho os olhos. É a última viagem. Até o fim, não sei se estou preparado...

(17 de agosto de 2011)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

POEMA DA VIDA EM QUATRO ATOS (ATO III: MATURIDADE)

Este "terceiro ato" já foi mais complicado pra fazer. Refiz o poema todo quando já estava na metade. Talvez por ser o meu momento e não ter conseguido o devido distanciamento... Mas saiu algo...



Cresci de repente, de pequenino a grandalhão num instante
Vou seguindo a vida, com poucas certezas e mais responsabilidade
O menino que era já passou, apenas um retrato na estante
Mas dele ficou a essência: um menino grande, de mais idade.


Já não brinco tanto: trabalho. Tenho namorada, emprego e salário
Acordo cedo, pego o ônibus ou o carro, enfrento engarrafamento
Ando, corro, falo, paro, escuto, resmungo, declamo meu corolário
Tenho papel, caneta, pasta, cartão de crédito, endividamento.


Antes era a comida gostosa da mamãe, agora miojo com empanado
Casa pra limpar, trabalho por fazer, conta pra pagar: todo enrolado
Era o brincar na rua sem compromisso, agora o mercado concorrido
Quando surge em meio a rotina o sorriso do garoto quase esquecido.


O primeiro cabelo branco! Ai que desespero, estou envelhecendo!
E vem namoro, casamento, filhos, fraldas, médicos, remédios e contas
Férias (curtas), fins de semana, cerveja no bar, amigos e... Ai! A conta!
E um reflexo no espelho, já grisalho, onde percebo-me: sigo vivendo.


(16 de agosto de 2011)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

POEMA DA VIDA EM QUATRO ATOS (ATO II: INFÂNCIAS)

Hoje concluí o segundo poema da série sobre o ciclo da vida, abordando a segunda etapa pela qual todos passamos...

Olho tudo ao meu redor, curioso e atento
Não compreendo onde estou, quem são vocês
Até que um dia, repleto de desfaçatez
Me viro e me arrasto, pequeno réptil, bem lento.


Já não paro, apoiado nas mãos e pernas pelo espaço
Ainda mais curioso, toco, mexo, reviro o que acho
Desafiante, ergo-me sob os pés e liberto os braços
Assim ando, corro, caio, choro e levanto-me com despacho.


Depois a bola, o pega-pega, o esconde-esconde, a bicicleta
Caindo e levantando, rindo e brigando, aprendo passo-a-passo
Enquanto o mundo encolhe, a cada travessura que faço
Mas minha curiosidade não some, sempre maior e irrequieta.


Vejo-me então a meio caminho, entre o bebê e o futuro homem
Sou plena mutação e inconstância, de corpo, mente e alma
Vagando entre a certeza e a incerteza que assim me consomem
Pela primeira vez vejo o tempo acelerando, escorrendo por minha palma.


(15 de agosto de 2011)

domingo, 14 de agosto de 2011

POEMA DA VIDA EM QUATRO ATOS (ATO I: NASCIMENTO)

Hoje estou começando uma série de poemas em homenagem ao ciclo da vida. Começo pelo início de tudo...


Entro na vida, acompanhado e só
Começo parado, espremido e molhado
Numa caverna quente e apertada
Mexo, remexo, viro, desviro: nada.


Num belo dia, já sem esperança
Um pequeno clarão se mostra, tímido
Cresce e cresce, mais e mais
E toma a treva e à luz me lança.


Encontro seres grandes a me encarar
Que me viram, reviram, apertam, esfregam
Depois lançam-me sobre outro, desnudo
Mas quente, macio, de olhos doces a me olhar.


O ser então me acaricia, afaga, chora e sussura
Quando já estou bem, sou agarrado, levado dali
Sou observado, remexido, cuidado e admirado
Só então é que percebo o que acontece: nasci.


(14 de agosto de 2011)