DUAS PELES

Fiz esse poema em homenagem a um grande amigo, após um show de Áurea Martins e Marcel Powell [no Projeto 7 em Ponto (Homenagem a Baden Powell), no Teatro Carlos Gomes], depois de algumas cervejas e um bom papo... Escrevi o poema e ele deu o título...

The Guitar Player - Jose Manuel Abraham

Viajo no som que sai do meu violão
E que aos ouvidos se vai à multidão
Sou eu mesmo a corda que vibra
E que à noite acalma a solidão

Sou todo acordes e cifras e melodia
E entoo meu hino triste noite e dia
E com cada calo dos dedos de minha mão
Busco a atenção do ouvido de uma bela guria.

E dedilho e me converto de força em som
Com minha pele já fundida ao violão
E vou pelo ar, uma onda que se irradia
No grave de minha voz já sou canção.

Vai minha música e se espalha no mundo
Assim me espalho eu mesmo em um segundo
Um conjunto de acordes de amor profundo
Que ao coração da guria toca fundo

Vou eu mesmo, lírico, pela noite afora
Em meu canto-música que da pele aflora
A buscar o olhar da guria e, contudo,
Seu olhar-diamante já não encontro agora.

(19 de janeiro de 2011)

* Homenagem ao meu grande amigo, biólogo, violonista e compositor Vidal Assis.

SE EU EXPLODISSE DE PAIXÃO

Estava ouvindo umas músicas por aqui e, de repente, nasceu mais um filho de inspiração instantânea...

http://ow.ly/3HUZX

Ah, se eu explodisse de paixão!
Se eu me dividisse em vários eus,
Espalhados pelo tempo, pelo espaço,
Para além da dialética razão-emoção.

Ah! Se eu explodisse de paixão,
Já não seria mais eu, mas outro alguém,
A flutuar pelo ar, pra longe do chão,
A cortar os céus, a ir longe, pra além.

Seria como uma paixão-granada arremessada
Por um coração louco, numa guerra de amar,
Explodindo em estilhaços, partida, fragmentada,
Como as areias de uma praia açoitadas pelo mar.

Ah, mas se eu explodisse mesmo de paixão,
Gostaria, com isso, de semear meu amor por tudo:
Pela vida, pelas flores, pelo Sol e, sobretudo,
Pelo eterno redescobrir-se, com encanto, em ilusão.

(10 de janeiro de 2011)