segunda-feira, 31 de outubro de 2011

HOJE

Estava lendo a crônica "Os flamboyants", do Rubem Alves, no site Releituras e fiquei tocado pela sua poética. Depois de um bom tempo sem escrever nada, eis que brota de uma súbita inspiração mais um (belo) filho...


Não quero o ontem nem o amanhã.
O ontem é território da lembrança,
O amanhã é propriedade do mistério.
Quero o hoje: aqui me sou a sério.

O passado é isso: já passou, não volta.
Não há motivo para revivê-lo, revisitá-lo
A não ser pela memória de quem fui,
Pois já agora sou um outro, que ainda flui.

O futuro, este nem sequer existe ainda,
A não ser nas possibilidades de meus atos.
Estes, que estão no tempo agora, a me encarar.
Pois então, aquele não pode o que sou desonrar.

Preocupo-me com o presente em que me vivo
E que me traz as infinitas possibilidades do eu.
Posso ser e fazer o que eu quiser, desde agora.
O presente: aqui dentro. Passado, futuro: lá fora.

(31 de outubro de 2011)