sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MINHA POESIA, UM MAR

 

Estava revendo os poemas no meu arquivo aqui no laptop, sem inspiração pra escrever… Percebi que recorrentemente aparece um elemento marcante nos meus escritos, como nesse inédito aqui no Oceano: o mar… Talvez porque, não sei, ele retrate um pouco minha personalidade, minha mente, meu modo de pensar… vem e vai, ondula (não segue reto), varia entre manso e revolto, é atraído multiplamente (a Terra, a Lua, o Sol), é fluido (nem duro demais como um sólido, nem disperso demais como um gás), não tem uma forma fixa (se adapta ao recipiente, ao litoral, à profundidade)…

 

© Boogieelephant (Anton Katkov) | Dreamstime.com

navio-de-papel-thumb15621028Minha poesia é um mar,
Num vai e vém sem fim
De um eterno redescobrir-se:
Insana, triste, revolta...

As ondas de letras se jogam
Contra as praias de linhas vazias
E as preenchem em marés constantes
De palavras que fluem e refluem.

Sou eu assim um almirante louco,
Que guia seu navio por águas inconstantes
A perder de vista o continente, pouco a pouco.

Ao sabor do eterno fluxo do verbo a bailar,
Eu exploro a mim mesmo e me descubro: um náufrago!
Que no turbilhão, mergulha em si para se encontrar.

(05 de agosto de 2010)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

TEATRO DA VIDA

Vou fazer uma pausa nos poemas para expor um vídeo, que apresenta o resultado de um projeto de teatro que fizemos na escola municipal em que trabalho no Rio de Janeiro (EM Aníbal Freire), entre agosto e novembro...


Duas cabeças pensantes: professor Marcelus Cezar e professor Michel Souza (ambos de Geografia e não de Artes Cênicas) e a parceria de um excelente grupo de alunos-atores da EM Aníbal Freire, em Olaria, toparam o desafio de produzirem e encenarem uma peça teatral. O nome da peça foi "Deu a louca nos contos de fadas", de autoria de Alex Nascimento e adaptação dos professores GEógrafos e GEniais.
Assista ao vídeo e veja como isso aconteceu desde as reuniões, as dinâmicas de grupo, jogos teatrais, ensaios, testes e surpresas!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

SOBRE SER POETA

Desta vez, tentei uma experiência nova por aqui: recitar um poema meu. Inspirei-me no quadro "Devaneio" da Band News FM, com o Juca de Oliveira, e fiz um pequeno vídeo também.


Ser poeta é ser um escultor de palavras
Estar frente a frete com um bloco sólido
De letras caóticas, desordenadas e confusas
E com a ponta do lápis ou dos dedos no teclado
Ir acariciando-as, domando-as, esculpindo o poema.

Ser poeta é ser um eterno estranho a si mesmo
É buscar conhecer-se a cada momento, sem poder
É navegar em mares arredios de um coração mutante
E explorar novos e infinitos continentes de ideias
Viver infinitos sentimentos, emoções, personalidades.

Ser poeta exige, sobretudo, sensibilidade
Observar, sentir, ouvir, emocionar-se e chorar
Mas também sorrir e rir e cheirar e degustar
Exige entregar-se à emoção de uma nova descoberta
Ou à sensação de uma brisa fresca no rosto.

Ser poeta, enfim, é ser algo disforme, algo dissonante
Acomodar-se às formas das sensações que se apresentam
Dissonar dos velhos cânticos que todos cantam igualmente
Ser poeta é ser como o vento, a circular, sibilar, revoar
Ser e não ser, amar e não amar, morrer e reviver, existir e sonhar.

(18 de dezembro de 2010)

sábado, 18 de dezembro de 2010

SONETO DE FIDELIDADE


O velho mestre dispensa quaisquer apresentações e comentários, fala por si só...



"Soneto de Fidelidade", Vinícius de Moraes

domingo, 12 de dezembro de 2010

QUANTO PESA O VENTO

No calor de hoje aqui no Rio de Janeiro, senti o vento do meu terraço, vieram lembranças, sentimentos, sensações e tive inspiração de escrever sobre ele e as sensações que seu toque me traz...

("Menina do vento", pintura obtida no site http://www.flickr.com/photos/pedraluz/3436322664/in/photostream) 

Não te vejo, mas te sinto
Teu sopro delicado na minha pele à tarde
Te procuro, mas não te acho
Apenas tuas mãos invisíveis a carregar
Balões e pipas e urubus e aviões pelo ar

Procuro tua voz, mas apenas te ouço
Teu assobio suave, sempre triste e melancólico
Entrando pela minha janela junto à chuva
Estico minhas mãos, mas foges por entre meus dedos
Escapas por entre as fendas das minhas digitais

Apenas teu cheiro me impregna, fica em mim
Preso à minha pele e à minha roupa
Remetendo à terra molhada de chuva da minha infância
Ou à poluição do ar da cidade suja onde vivo
Ou ao verde do campo para onde gostaria de ir

És assim um companheiro eterno, uma sombra invisível
Que acompanha meu ser de perto, desde sempre
E que sopra aos meus ouvidos conselhos de liberdade
Acariciando meus cabelos quando te sigo e te procuro
A tomar-me pelas mãos e levar-me em teus leves braços

Para fora, para a rua, para conhecer o mundo...

(12 de dezembro de 2010)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LOUCOS E SANTOS

Estava baixando os áudios do Juca de Oliveira, no Devaneio da Band News FM, quando me deparei com esse poema do velho mestre inglês, que me fascinou por ser uma descrição perfeita de mim mesmo. Salve Wilde...!



Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tom inquietante.
Eu não estou interessado no bom humor ou nos maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero ser revisto.
Que me tragam dúvidas e medos e agüentem o que há de pior em mim.
Mas isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe chorar junto.
Meus amigos são todos assim: meio bobos, meio sérios.
Não quero risos previsíveis, nem lágrimas de compaixão.
Quero amigos sérios, que façam da realidade sua fonte de conhecimento, mas lutem para manter viva a fantasia.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade criança, metade velhos!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Então, ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

(poema atribuído a Oscar Wilde)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

HOMENAGEM À TURMA 1705 DE 2010

Esse poema foi o resultado de uma homenagem para uma das turmas com as quais trabalhei esse ano, após um trabalho que fizemos com teatro de marionetes e produção de vídeo com todos, e com apresentação de teatro com alguns. Tive bons, maus e péssimos momentos com essa turma, mas, principalmente, descobri muitos talentos e figurinhas admiráveis. Não estão todos no poema explicitamente, mas estão todos nas entrelinhas dos versos.

Sou um, sou dois, sou vários.
Sou um grupo, sou multidão.
Não caminho: corro, não páro.
E não cochicho: grito ou falo.

Sou Clara, menina moça, elétrica.
Ou Sandro, garoto alegre, esperto.
Também sou Sara, tão tagarela -
Minha língua não cabe em uma fita métrica!

Às vezes sou João - e não páro de falar não!
E como gosto de ser Renata, menina linda,
Ou Ling-Ling... Ops! Aliás, Beatriz!
E também sou tantos outros ainda...

Sei ser Igor, tão quieto e sério,
Ou William, inteligente, até metido.
Quem sabe até me tranformo em Breno,
Ao mesmo tempo grande e pequeno.

Sei ser muitos, que aqui não cito,
Pelo curto espaço de umas poucas linhas.
Sei ser cada um, dessa turma tão louca,
Que terças e quartas os olhos fito.

E, pra fechar, sei ser Rita, Juliene
Ou Maria Clara, tão alegre e feliz.
Mas gosto mesmo é de ser Camila,
Menina linda, meiga - e tão boa atriz!

(20 de novembro de 2010)