Estava revendo os poemas no meu arquivo aqui no laptop, sem inspiração pra escrever… Percebi que recorrentemente aparece um elemento marcante nos meus escritos, como nesse inédito aqui no Oceano: o mar… Talvez porque, não sei, ele retrate um pouco minha personalidade, minha mente, meu modo de pensar… vem e vai, ondula (não segue reto), varia entre manso e revolto, é atraído multiplamente (a Terra, a Lua, o Sol), é fluido (nem duro demais como um sólido, nem disperso demais como um gás), não tem uma forma fixa (se adapta ao recipiente, ao litoral, à profundidade)…
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Minha poesia é um mar,
Num vai e vém sem fim
De um eterno redescobrir-se:
Insana, triste, revolta...
As ondas de letras se jogam
Contra as praias de linhas vazias
E as preenchem em marés constantes
De palavras que fluem e refluem.
Sou eu assim um almirante louco,
Que guia seu navio por águas inconstantes
A perder de vista o continente, pouco a pouco.
Ao sabor do eterno fluxo do verbo a bailar,
Eu exploro a mim mesmo e me descubro: um náufrago!
Que no turbilhão, mergulha em si para se encontrar.
(05 de agosto de 2010)