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"O Grito", de Edvard Munch |
Sou uma vaga de pensamentos mutantes
Uma nuvem de personalidades estranhas
Que se unem e se separam num instante
Um não-eu que em meu espírito se entranha
Sou como uma nuvem que pelos céus desliza
Mudando de forma ao sabor da turba e do vento
Numa busca infinita que em meu íntimo acalento
Como uma gota d'água, que evapora, e sobe, e aterrissa
Sou um não-sei-que de curiosidade infinita
Que quer conhecer de um tudo desse mundo vil
E que vasculha, e busca, e se alegra, e se irrita
À procura de uma resposta que ainda ninguém conseguiu
Ah! Sou um não-saber de tudo que é permanente e imutável
E não reconheço o que sobrevive ao eterno e ao infinito
E carrego em mim a angústia do saber-me finito
Um ser passageiro, incompleto e mutável
Sou uma verdade-falsa que faz-se aceita sem pesar
Uma certeza-incerta de um conhecimento ordinário
Que assim se reproduz insuspeita a brilhar
Mas que no fundo se reconhece: um eterno corolário.
(14 de abril de 2011)
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