segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Lago e o Mar

Esse poema é especial. Primeiro, porque saí dos sonetos, que repetidamente brotam de meus dedos, mesmo sem eu querer. Segundo, porque  acho que resumi bem uma característica típica do meu espírito: a inconstância.


Metade de minha vida é lago
A outra metade é mar.

Como lago, navego em águas calmas,
Tranquilo e sereno ao gosto da brisa.

Como mar, viajo em águas revoltas,
Ao sabor da incerteza das tormentas.

Como lago, posso pescar calmamente
E saborear cada peixe em plena brasa.

Como mar, não sei qual o rumo certo,
Nem posso esperar a pesca merecida.

No lago, planejo, espero, tenho certeza
De que a cada légua o céu terá clareza.

Em alto mar, as nuvens negras corrompem
Todo conhecimento dos ventos e das estrelas.

Como lago, sei exatamente onde o rumo
Certo da brisa mansa me há de levar.

Como mar, somente o medo de monstros e seres
Que me podem a própria vida arrancar.

Frente ao lago, me aquieto.

Encarando o mar, só desassossego.

No barco ao lago, me sento e acalmo.

Na fúria do mar, para controlar o leme, me ergo.

(09/02/2009)

Um comentário:

  1. Adorei os seus poemas! Não sabia do seu tino poético, mas fiquei muito feliz por ele. Continue lançando no papel toda a sua inspiração e sentimentos. Um abraço,
    Katia Viula

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