domingo, 24 de maio de 2015

Sobre bruxas e sonhos

Quantas vezes eu penso que vivo
Mas, na verdade, durmo entre as bruxas
Que povoam os céus de meu pensamento,
Cruzando o ar em vassouras de delírios,
Fazendo em seus caldeirões ferventes
Poções de sonhos e desejos secretos?

E como me encantam com sua beleza etérea,
Que dura apenas o tempo de um beijo,
Me iludem apenas por breve momento,
Em seguida me mordem, me cospem, me arranham,
Retiram de mim a energia que já não tenho,
Depois rolamos, corpos abraçados, na lama.

Conversamos longamente à luz branca da lua,
Entre danças, cantos, súplicas e murmúrios difusos
Por entre as nuves cinzas no céu da noite,
Testemunhas de um ritual pagão e profano
Que rasga o véu negro do silêncio noturno,
Exaltando o desconhecido da vida e seu curso.

Depois me deixam, como chegaram, em silêncio,
Sumindo por entre as trevas da fria madrugada,
Reticentes, sorrindo faceiras ante meu espasmo.
E ressurjo de mim, o mesmo? Talvez renovado?
Apenas saudoso da presença daquelas bruxas
De seu canto, sua magia, seu poder temporário.

(23 de maio de 2015)

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