quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O QUE SOU

Um grande amigo (Marcelus Cezar) apresentou-me esse vídeo delicioso. Viajei na sua inspiração mutante e inebriante e escrevi um poema embebido de sua viagem...

Roberto Catani - "La Funambola"

Sou uma gota que cai e
Encontra o chão, estilhaçada.
A areia no ar carregada
Por um vento frio
Que vem do Sul.


Sou um abismo em mim,
Poço sem fundo e sem
Fundamento.
Sou um canto lúgubre e
Triste, um lamento.


Sou a rima torta do poema,
Ao mesmo tempo coesa e
Desconexa,
No ritmo entorpecente
Duma métrica que desindexa.


Sou uma incógnita e
Uma interjeição,
A frase solta nas páginas
De um livro em branco,
Que se desfolha no vendaval.


Sou um ser que não se sabe
Vivo nesse mundo de ilusão.
Que prefere a pergunta à
Resposta fácil,
No axioma, uma interrogação.


Sou a reticência da frase,
A verdade oculta no disfarce.
Sou um andarilho num
Deserto de estrelas
Que surgem, brilham, se apagam.


(15 de dezembro de 2011)

6 comentários:

  1. Lindo! Muita sensibilidade.Demonstração de que bons momentos virão.Toda indefinição conduz à definição. Que bom....

    ResponderExcluir
  2. poxa michel eu amei muitoo
    seu novo poema muito legal cont.a ssim beijos
    anner lemos

    ResponderExcluir
  3. Só pessoas sensíveis conseguem escrever dessa forma; com pureza e profundidade ao mesmo tempo. Parabéns! Sucesso! Torço por vc. Bjão

    ResponderExcluir
  4. Michel, obrigada por compartilhar comigo tão belo vídeo e o teu poema. Nossa! Meio Álvares de Campos, meio Cecília Meirelles. totalmente TU, Michel. Quanta sensibilidade!Excelentes escolhas no universo das palavras. Parabéns!
    Compartilharei contigo alguns poemas meus em breve.

    ResponderExcluir
  5. Olá, amigo! Li seu poema e adorei. Realmente maravilhoso!! Beijos, Bárbara

    ResponderExcluir
  6. Se Djavan encontra esse poema o transforma em música!Sensível e delicado. Roberta

    ResponderExcluir