segunda-feira, 12 de julho de 2010

Shakespeare

Um dos meus sonetos preferidos do Velho Grande Mestre, onde há o amor e a reflexão sobre a existência conjugados, com uma certa angústia do saber antecipado que tudo, inclusive o amor, tem um fim.

Soneto 65

Se ao bronze, à pedra, ao solo, ao mar ingente,
Lhes vem a Morte o seu poder impor,
Como a beleza lhe faria frente
Se não possui mais forças que uma flor?
Com um hálito de mel pode o verão
Vencer o assédio pertinaz dos dias,
Quando infensas ao Tempo nem serão
As portas de aço e as ínvias penedias?
Atroz meditação! como esconder
Da arca do Tempo a jóia preferida?
Que mão lhe pode os ágeis pés deter?
Quem não lhe sofre o espólio nesta vida?
     Nada! a não ser que a graça se consinta
     De que viva este amor na negra tinta.


LXV


Since brass, nor stone, nor earth, nos boundless sea,
But sad mortality o'ersways their power,
How with this rage shall beauty hold a plea,
Whose action is no stronger than a flower?
O! how shall summer's honey breath hold out
Against the wrackful siege of battering days,
When rocks impregnable are not so stout,
Nor gates of steel so strong, but Time decays?
O fearful meditation! where, alack,
Shall Time's best jewell from Time's chest lie hid?
Or what strong hand can hold his swift foot back?
Or who his spoil of beauty can forbid?
     O! none, unless this miracle have might,
     That in black ink my love may still shine bright.

(Tradução do inglês de Ivo Barroso)

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